quarta-feira, junho 03, 2009

ele, o tempo


Tudo passa por ele. O tempo que se perde na fila, que se ganha num sinal marotamente furado, que se quer retroceder com a medicina estética ou que se quer avançar para a semana correr logo e rápido chegar o descanso do fim de semana. O tempo perdido na esbórnia, o desperdiçado num farniente ainda que merecido, o trabalhado à exaustão, o caminhado nas andanças vadias, o tempo que um amor sem agenda insistentemente nega. Tudo isso é uma coisa louca chamada tempo, algo estranho, quase imensurável, mas que todo ano nos faz lembrar mais um aniversário. O tempo não-ocupado com os afetos sinceros e que depois talvez seja causa de eterno remorso ("tivesse eu dez anos a menos..."), porque certo na vida, certo mesmo, é não saber o dia de amanhã. Não sei se o tempo me assusta ou se, de alguma forma, me consola; afinal, não posso com ele. É como gostar de alguém e ter a certeza de que não adianta perquirir a razão. Se o tempo passa, o amor surpreende. Resigno-me. Por sabedoria ou impotência, simplesmente resigno-me.
a foto é minha, um instatâneo da pressa dos motoristas no Aterro do Flamengo, algo que nunca entendi. Porque não se deliciar com essa beleza toda e correr feito louco?

2 comentários:

Anônimo disse...

Já disse Caetano: " tempo tempo tempo tempo... compositor de destinos". Lindo não?
Maravilhoso seu texto e foto! Parabéns. Bjs!

Denise S. disse...

é lindo mesmo esse verso, Ana.