segunda-feira, julho 20, 2009

na dúvida, a dúvida

entre o certo e o errado
fico com o vão
que há entre nós:
nada de explicação,
nada demais

aliás, ouso dizer-te:
é apenas paixão, rapaz
é loucura, algo que não se compraz
do medo

ou talvez seja diverso:
quem sabe a alforria
que perversamente nos aprisiona

em nós mesmos?

terça-feira, julho 14, 2009

allez, enfants!


Você, burguês, que não ostenta nenhum título de nobreza, mas que adora uma mordomia. Você, um 'snob' ('sine nobilitae'), que gosta de coisas boas, de um bon entourage, de uma boa refeição e que entende como o mais perfeito milagre da multiplicação dos pães o máximo de conforto que seu suadinho dinheiro pode dispor. Sim, você mesmo, que apenas aí está nesse status razoável porque alguém resolveu acabar com aquela lassidão e todo aquele luxo excessivo da nobreza de antanho. Cabeças rolaram, é verdade. Menos mal que, a cada dia, tentamos livrar a nossa. Como diria meu ex-futuro-já-finado marido Serge Gainsbourg: aux armes, cidadãos, etceterrrrá!
foto capturada hoje no site do Le Monde, a parada de 14 juillet

sábado, julho 11, 2009

coffee break


Viagem a trabalho é assim: você se desloca, sai da rotina, ganha novos ares e tem uma missão expressa a ser cumprida. Nem sempre os ares são tão bons ou o desfazimento da rotina será benéfico, não raro, aliás, o deslocamento é sobremaneira sofrível e a missão volta e meia não sai de fato cumprida. E há os coffre-breaks, pensados para ser uma pausa restauradora, o cenário do networking e da troca de experiências, mas depois de seis deles certamente ninguém mais olhará para um bolinho de milho como algo ingênuo, ali posto para deleite dos trabalhadores-do-brasil. A cada volta de viagem de trabalho, com umas graminhas a mais, eu me faço a mesmíssima pergunta: isto tudo deve fazer algum sentido.


p.s. a foto é minha, um dos breaks gulosos a que me rendi nos últimos dias.

sábado, julho 04, 2009

sonhos existem para serem realizados...


... e é uma maravilha quando acontece. Há anos que eu queria ir a Flip ou, ao menos, ver a cara de Paraty na feira. A cidade, linda, ganha uma aura de magia, aquelas pessoas ali a circundar e respirar e exalar literatura. Autores, livreiros, editores, literatos, curiosos, gente esquisita de toda sorte (adoro gente esquisita), neo-hippies, muitas crianças, autores consagrados e autores iniciantes, alguns dos quais, após uma abordagem simpática, leem um poema e oferecem, cheios de orgulho, seus livros-brochuras por um preço módico, e recusá-los seria um crime de lesa-delicadeza. Foi rápido, dispunha de apenas duas horas, mas neste tempo fiquei imersa naquilo que tanto me acolhe quando me recolho. E pensei, quando já ganhava a estrada: aos sonhos, a realização. Aí vai uma das pérolas que lá tive o prazer de recolher:
"Sem licença Poética
(voltando do Rio)
Poesia é tua cria
Tua eterna companhia
Que não lhe pediu licença
Para fazer presença,
Ter te usado
Pra chegar ao mundo.
É teu sempre fardo
Teu poro que não exala estado
Líquido ou gasoso
E sim,
Algo, contudo
Mais profundo"
Thiago dos Santos in "Baile da Nostalgia", edição do autor. Adorei esse poema!
a foto é minha, instantâneo de um momento lúdico.