segunda-feira, agosto 17, 2009

apenas uma segunda-feira


É isso. É a vida. Um dia você acorda e percebe o quanto tudo está desorganizado, mas o fato é que o contrário, o banal e o confortável, tampouco fariam mais sentido. Uma febre para a qual não há remédio, mas que, se houvesse, não se tomaria. Uma loucura que não leva a nada mas que, sem ela, a vida de nada valeria. Uma armadilha, uma quimera, um surto? Não, é só uma segunda-feira, e todo o absurdo que ela contém.
a foto é minha, o metrô de Lisboa

segunda-feira, agosto 10, 2009

sem 'complexo de entidade'

Sempre adorei Caetano Veloso. O poeta, o músico, o compositor, o homem. Sempre gostei, mesmo quando não era moda gostar, tempo em que era visto como um chato opiniático. Adorei "Coração Vagabundo", documentário em cartaz rodado ao tempo de duas turnês internacionais. Está lá o artista e o homem por inteiro, a pessoa desnuda, despojada. Simples. Tão simples que tem aversão a que o tratem como se fosse uma entidade, um ser que sobrepaira a torpe humanidade. Declara odiar este tratamento, não compreende quem se auto-confere uma coisa igual. É a anticelebridade pop, e é justamente esse avesso do avesso do avesso que me fascina em particular. Tem humor, muito humor, ri de si mesmo, de sua condição. E tem coragem, porque há um momento em que se diz triste e vulnerável com sua vida íntima, mas não declara o porquê - fala que uma coisa dessas não se revela. O melhor mesmo foi perceber que a letra da música que dá título ao filme diz "meu coração não se cansa de ter esperança de um dia ser tudo o que quer". Aí está alguém com a ousadia de afirmar que seu sonho de consumo é existencial, algo que também eu digo, mas que digo com pudor, porque é raro alguém compreender. Um refrigério, esse Caetano Veloso.

quinta-feira, agosto 06, 2009

figuras matinais

São dois boxers lindos, com ar garboso, que tudo percebem conduzidos pela empregada da casa vizinha. Algo me diz que seja um casal. Depois os inúmeros ciclistas zarpando na minha rua de todos os lados, algumas meninas com aquele ar desdenhoso, outros que acredito quase profissionais com seus capacetes futuristas e garrafinhas d'água nas costas. Adiante, na altura da Igreja São José, passa um homem de meia idade de óculos ray ban feliz da vida em sua bicicleta, e não sei porque acho que é assim, de bicicleta e em mangas de camisa, que vai trabalhar. Logo mais, já na Lineu de Paula Machado, outra mulher também passeia seu cachorro, um lindo galgo cinza claro, ela com imensos óculos escuros faça sol ou faça chuva. Ainda na Lineu, apoiados num poste, dois senhores fazem exercícios de alongamento após (imagino) correrem na Lagoa. E há também os motoristas alucinados de sempre no Aterro do Flamengo onde, com sorte e dependendo do quanto eu estiver atrasada, encontro o 'gato do cachorro' sobre quem já escrevi, e que recentemente aposentou a sunga vermelha quase histórica para uma preta mais discreta. Vejo sempre essas figuras, praticamente todas as manhãs, mas não sei se elas me veem.

sábado, agosto 01, 2009

um sexy discreto


Nunca fui fã exatamente de Chanel. Acho legal, feminina, etc e tal, mas não me arrebata. Gosto, porém, daquele ar sexy discreto que mademoiselle cultuava e que tão bem personificou. Como se dissesse: "se quiser ser levadinha, ma biche, que seja, mas não precisa escrever na testa". Gosto disso, sabe? Acho assim... redentor!
foto minha, tirada num shopping em Floripa, uma homenagem a grife e a sua autora. Tremenda produção.