segunda-feira, agosto 21, 2006

sobre o básico

É curioso como há pouco esclarecimento sobre coisas tão singelas, enquanto se desbordam conhecimentos sobre assuntos tão sofisticados.
Sobre ter alguma religião, por exemplo. Há os que pensam que, agregado ao fato de alguém ter religião, vem um passaporte para a virtuose, quando é exatamente o contrário: antes de mais nada, alguém religioso se sabe um ser falho.
Então é assim: vc tem uma tia velha, pentelha, que nunca te deu a mínima, e que, aliás, sempre te quis bem longe dela, mas, de um dia para o outro, ocorre de convir aos familiares que vc seja caridoso com la vecchia. “Mas vc não é tão católica?” parecem querer perguntar com todo o cinismo do mundo, quando se esquecem - e aí entra o desconhecimento do básico – que, sim, é fato que qualquer pessoa que tenha uma religião, católicos inclusive, deva praticar a caridade, mas que, porém, deverá fazê-lo de forma sincera, e, portanto, com o que lhe tocar o coração. Não é esta a regra do livre arbítrio, aliada à da solidariedade? Tão básicas.
Outra hipótese: alguém te desafora. Uma, várias vezes, e vc sempre deixa para lá, até que cansa. Cansa, apenas, não sente raiva nem ressentimentos, mas... cansa. “Como, vc não vai relevar?” alguém perguntará, ao que vai acrescer, verbal ou mentalmente, a máxima: “e depois vai à missa todo domingo”. Ora, direi, tenho que perdoar quem me pede perdão, mas não tenho que passar a mão na cabeça de ninguém. Como se nada tivesse acontecido. Para, depois, o desaforado, ele, "deixar para lá". Acho graça.
Quando eu era criança, minha mãe me disse, eu nunca esqueci, que se alguém te pede perdão e vc não dá, é problema seu, mas se alguém te ofende e não te pede perdão, então é problema de quem não pediu.
Que se instruam.
E que não me amolem.