Assim passou janeiro: promissor no versão, abundante nas águas. Não propriamente tempestades, o que livra o carioca de se ver com inundações e engarrafamentos quilométricos, mas chuvas chatas e longos dias nublados, e dias cinzentos no horário de verão significa muito cinza. Salvou-nos o show do Chico Buarque, que destila sua paixão pela moça e muito justamente a quer berrar ao mundo, e "A Música Segundo Tom Jobim", filme de Nelson Pereira dos Santos que não tem sequer uma palavra falada, mas melodias sem ter fim e uma lágrima que fica rasa nos olhos ao mesmo tempo em que se esbugalham na tela e os ouvidos se abrem. Que melodia, que coisa linda. Nada de por-do-sol espetacular ou um chopp refrescante neste janeiro de 2012. Esquecer a recente tragédia do desabamento é a meta, a despeito do cinza. Mas é que a música de Chico e Tom realmente nos salvou todos, e o carioca é quase que acostumado a salver-se a si próprio. Agora vem fevereiro e o carnaval; depois, aí sim, o ano começa.
foto de Ernesto Martins, "amanhecer amarelo".