sábado, dezembro 20, 2008

meados de dezembro


Desço a Avenida Rio Branco e percebo mais abraços e beijos do que seria o normal numa sexta-feira, uma certa expressão beatífica em todos, como se pedissem perdão pelas mordiscadas dadas no ano que se encerra. Desço a Rio Branco em meio a pessoas carregadas de sacolas, os ambulantes com chapéus de papai noel, os pontos de ônibus lotados. Desço a Rio Branco nesta última sexta-feira antes do Natal e, sem querer pensar no ano que acaba, sem pretender balanços, o papel picado jogado pelas janelas precocemente não me concede essa inocência. Desço a Rio Branco na esperança que o ano vindouro seja melhor, na certeza que estão encerradas minhas compras de Natal e que teremos todos uma noite muito feliz. Feliz Natal!

foto capturada na Internet

segunda-feira, dezembro 01, 2008

primeiro de dezembro


Um ano como qualquer outro, em que coisas boas acontecem e coisas ruins também. Nada de muita surpresa, uma imensa satisfação porque meu pai se safou mais uma vez, porém não o meu cachorro. Perdemos o Zeca, uma vida que foi escrita junto com a nossa, tanto afeto e amizade compartilhados, de me fazer crer que as pessoas deveriam ter um cachorro antes de pensar que sabem alguma coisa sobre amizade. Depois veio a avalanche midiática daquele casal medonho e a garotinha morta, a chatice repetida ad nausem do joelho do Ronaldinho (ô assunto), uma inundação de praxe, não há ano que passe batido sem uma desgraça natural, uma amiga que espantou a depressão, ela bem à sua porta, outra que se reconciliou com o marido para o bem de todos e felicidade geral, outra que se livrou do dela e parece que em boa hora. Uma crise financeira mundial que ninguém imaginava, o candidato afro-descendende enfim eleito (menos mau), o prefeito péssimo que já vai tarde (menos péssimo), nenhum bom filme, desses de causar impressão cinematográfica plasmada na memória, mas uma peça de teatro linda, os Beatles e apenas eles, suas canções maviosamente interpretadas, eu com os olhos rasos d’água ao ouvir “Something”. Ah, meu Tio Carlos que se foi também, embora já tivesse partido há tempos (não era mais ele), e parece que o casarão na Gávea ficou de todo vazio. Uma primavera feia, chuvosa, cinza e chata, um céu azul em Lisboa de matar de inveja qualquer carioca órfão de uma bela primavera, uns três meses do ano trabalhados só para pagar imposto de renda na fonte e outros tantos de azul desperdiçado num cinza que nada desfazia. A vida, a vida, a vida, agora o Natal, o réveillon e depois tudo de novo.

foto capturada da Internet, Barack Obama em Berlin aos 24 de julho de 2008, diante de 200.000 pessoas. Para mim, é a foto do ano.