segunda-feira, maio 21, 2007

about us

I would have loved tou dearly, honey.

As a matter of fact, I did loved you
but you just took me for granted,
made a terrible mistake
(a sort of misunderstood)
gave up the two of us
just like that…

I have to tell you again
you would have loved me
you could have permitted yourself a little bit of crazyness
but instead
you just gave up
turned the page so easily
and left me so helpless
- so helpless -

I’m still lost, babe

quinta-feira, maio 10, 2007

sobre a saudade

É estranho sentir saudade, mais ainda saber que esta palavra, no seu sentido preciso, não existe em outras línguas.
Tenho saudade de tudo, todos e de coisas bizarras, coisas que, em geral, não são propriamente objeto da saudade de ninguém.
Saudade da faculdade, de ter estudado na PUC no tempo da ditadura. Saudade dos pilotis, do intervalo nos pilotis. Saudade de fazer ginástica num tempo em que ninguém fazia e tinha meia dúzia de dois ou três gatos pingados em sala. Saudade do meu primeiro emprego, aquela exploração. Saudade da amiga que me traiu antes da traição, de ovo frito com feijão que nunca mais comi, daquela vegetação rasteira que havia na areia da praia de Ipanema que fazia cócegas na sola do pé. De uns chinelinhos de couro malcheirosos que se usava quando eu era adolescente. De ser adolescente, claro, este deve ser o ponto g da minha saudade. De não viajar a trabalho, de escrever a mão, de ir a cinema na orla (Rian e Miramar). Pode ser manjado, mas tenho saudade. De ficar espantada com peça de teatro, tanto quanto fiquei com “Trate-me Leão”, e de ler Clarice Lispector e Lillian Hellman pela primeira vez. De falar horas ao telefone com o namorado.
É assim: passou, tenho saudade.
Dizem que se sente saudade do que ainda existe mas que está longe, e nostalgia do que não existe mais. Não sei.
Sei que sinto.

domingo, maio 06, 2007

Dommage... (ou Vive la France!)


Torci vivamente por Ségolène Royal nestas eleições, não apenas porque sempre torço pelos socialistas na França, e faz três eleições que nada levam, mas porque seus adversários são cada vez mais seres rancorosos, como me parece ser Sarkozy. Não faz muito tempo e Le Pen foi alçado ao segundo turno em 2002, quando Jacques Chirac, impressionado, teve que rebolar e conclamar o povo a ir às urnas. Sim, os franceses, embora politizados, andavam blasés em relação a política, talvez solapados por tantos impostos e sem uma única janela aberta para um porvir mais promissor.
Agora, porém, não foi necessário: o povo acorreu maciçamente às urnas e, embora alguns veículos da mídia francesa falem em vitória acachapante de Sarkozy, o próprio iniciou seu discurso, logo após declarado vencedor, com loas à sua adversária e àqueles que nela votaram. Ele, que não é bobo nem nada, sabe que democracia não é ditadura da maioria, e sabe também que não são desprezíveis, em número ou qualidade, os votos angariados por sua adversária.
Acho realmente uma pena que a candidata dos socialistas não tenha ganho, uma pena que os socialistas não tenham conseguido sair do imobilismo em que imergiram diante das novas necessidades da sociedade francesa, ou que não tenham sabido comunicar a alternativa que acreditaram, à última hora, possível.
Uma pena.
Não, contudo, ver a sociedade francesa novamente mobilizada, os ideais e valores da república agitados com tanto fervor, o amor que nessas horas é declarado à França por seus compatriotas. É interessante ver um jornalista iniciar uma entrevista com o presidente da república por “boa noite, fulano de tal”, dispensando tratamentos formais, ou de que valeria o conceiro republicano de igualdade?
E é emocionante ver o discurso da candidata derrotada, com uma cara nada derrotada, aos seus militantes, terminar em “vive la France”, tal qual termina o discurso do candidato vencedor; o hino francês, ao fundo, cantado a capela pelos militantes.
Só me resta fazer coro: "vive la France!".


(foto capturada do site www.lemonde.fr)