quarta-feira, setembro 29, 2010

duplamente pela metade

Figure a seguinte cena: uma loira linda, alta, esguia, avança num corredor a passos largos empunhando a coleira de um cachorro tão garboso quanto ela.  Detém-se diante de uma porta que é aberta por um homem não muito bonito, mas profundamente atraente.  Ela o traz junto a si ("meu príncipe") e os dois se beijam apaixonadamente.  A loira é Brigitte Bardot e o não-bonitão, Serge Gainsbourg, altamente sedutor. Corta.  Um bando de obesos numa mesa redonda, num evento que parece ser um casamento, têm um diálogo tenso numa língua eslava (russo? polonês?) sobre um show que não irá acontecer e que lhes será a ruína total.  Há uma mulher na cena que espuma de ódio e trinca os dentes e, para não se trincar toda, colocam entre suas mandíbulas um guardanapo.  É curiosa a cena, instigante e, sobretudo, muito engraçada.  Corta.  Aparece um responsável pelo Festival do Rio que diz que houve um problema com o filme (o da cena da loira, sobre a vida de Serge Gainsbourg) e que a sessão em poucos instantes seria retomada.   Minutos depois aparece uma outra mocinha da organização do festival e anuncia: "Desculpem, houve um problema com os rolos dos filmes e nesse momento alguém deve estar assistindo indevidamente ao filme do Serge Gainsbourg... Não temos como retomar a sessão.  O dinheiro será restituído na bilheteria".  Como assim?  Trocaram os rolos dos filmes? "E qual era o outro filme?", pergunta um com absoluto senso de oportunidade um expectador, mas a mocinha não sabe.  A plateia de cinéfilos em festival ficou também sem saber.  O pior: sem saber de nenhum dos filmes.  Só pode ser sacanagem do Gainsbarre...  

p.s. a edição do Globo de hoje informa que os rolos vieram trocados na França.  Gainsbarre, Gainsbarre...

Foto capturada no Google 

sábado, setembro 25, 2010

como uma partitura

as cidades regurgitam tantas coisas e pessoas e excessos
e falta de tempo e bons sentimentos
a pressa, a pressa, sempre a pressa
e afobação e ansiedade

aqui no alto do morro olho o céu barrocamente estrelado
e penso nas bobagens que a cidade guarda
sem perceber
sem se dar minimamente conta

que estrelas são como a partitura de uma sinfonia
inscrita pelos deuses no céu para os homens

que cá embaixo, porém, já não a conseguem escutar.

segunda-feira, setembro 13, 2010

sacrossantas férias...


... e o exemplo capturado neste instântaneo: de nada mais preciso para ser feliz.

Itacaré, sul da Bahia, em foto minha.
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