quinta-feira, junho 28, 2007

o dia em que dei uma entrevista

Muito divertido. Ana Simples Assim, doce criatura da blogosfera, resolveu que deveria me entrevistar para o seu blog. Ela escreve uma coluna sobre Internet, blogs, comportamento e é dedicadíssima, toda semana tem mil novidades, fico sabendo de tudo por ela.
Aliás, a Ana Luiza é uma comunicadora nata, ela é um link, um amálgama, um neurônio, uma sinapse. Nasceu para ligar as pessoas às coisas, as coisas às pessoas, as pessoas às pessoas. É uma simpatia.
Valeu, Ana! Como te disse, a sensação é como a de fazer teatro na escola, misto de nervosismo e acanhamento. Tempos que não me divertia assim.
A entrevista está no blog da Ana Luiza - "Simples Assim, em 'beta' - no link ao lado.

quarta-feira, junho 27, 2007

famiglia

A Maria me ligou ontem à noite dizendo que sua mãe é mesmo uma índia, como ela desconfiava. Disse que se queixou de uma “dorzinha” na altura dos rins, foi ao médico, fez uns exames e descobriu que tem uma pedra enorme, do tamanho de uma pedra pome, algo inimaginável. O médico ficou estarrecido e não compreendeu como poderia aquela senhora falar, se mexer, e não estar em estado de total catatonia com uma pedra daquele tamanho dentro dela.
É que ele não conhece a família da Maria.
Outro dia a avó, à mesa, fez um muxoxo e, enquanto mastigava, tirou uma coisa da boca; discretamente, a colocou ao lado do prato. Perguntada sobre o que era, disse: “meu molar, o último que me restava, vou fazer uma simpatia”. Continuou comendo como se nada se passasse. Não tem nem um dente na boca, mastiga com as gengivas.
O curioso é que, se nesta família são estóicos para si, são sensíveis para os outros, de uma delicadeza de sentimentos raramente vista. Acontece de eu estar aborrecida e só assim me perceber através dos olhos da Maria. Nem percebo que estou contrariada, mas ela percebe. Muitas vezes é ela quem me comunica o que sinto.
Enfim, o fato é que a mãe da Maria, diagnosticada ontem, foi operada hoje pela manhã e está ótima, diz não sentir nada (não admira). Deve ir para casa amanhã, no máximo depois de amanhã. A Maria viu a pedra e me disse que era realmente enorme. Faço idéia.
Aposto um bombom como no sábado a mãe da Maria estará de pé na cozinha, fazendo o almoço da famiglia, dizendo “não foi nada, minha filha, era só uma pedrinha...”.

quarta-feira, junho 20, 2007

mas e o que vc respondeu?

A pergunta fiz aos outros, que aqui muito disseram.
Agora eu me pergunto, pergunto eu a mim mesma – escrever por quê?
Para dialogar comigo mesma, para preencher este espaço que existe entre aquilo que percebo e o que intuo; escrevo, o pouco que escrevo, para conversar com meu inconsciente estando bem acordada, diferente de quando durmo e sonho, talvez palavras sejam feitas de uma matéria quase onírica; escrevo porque me reinvento e me exponho, porque ouso, porque nunca sinto medo quando escrevo. Escrevo para o ar, para quem conheço e para quem não conheço, para conversar com quem nunca encontrei, mas com quem, ainda assim, acabo por ter um encontro.
Escrevo porque fiz uma pergunta e pessoas que nunca vi me responderam.

segunda-feira, junho 18, 2007

por que escrever?

Sempre ouço esta pergunta (naturalmente não dirigida a mim) e as respostas são mais ou menos as mesmas. Escrevem, os que escrevem, para extravasar as neuroses, por precisar, querer e gostar, para salvar a vida, para inventar outra, para fabular, para organizar um turbilhão que lhes roda dentro, para desorganizar este raio de turbilhão que lhes roda dentro, para morrer um pouco, reviver outro tanto, para se servir das palavras e estar perto delas, para comunicar, embora não raro se descomunique, para ganhar a vida, por pura diversão, por salvação, por danação, não sabe.
Mas e o que se sabe nesta vida?