segunda-feira, junho 19, 2006

O Reencontro

(é melhor ser alegre que ser triste, alegria é a melhor coisa que existe, é assim como a luz no coração - V. de Moraes)

Havia uma lua absurda. Nem precisava, pois a magia se instalara um pouco antes, quando o FIG decretara que seria naquele exato dia, 14 de junho de 2006, às 20:00 horas, o reencontro da Turma do Isa de 1976. Mas o fato é que lá estava ela, imensa, linda, absurda e majestosa, cobrindo de prata o Arpoador, lugar escolhido por nós precisamente porque, tanto tempo antes, era o nosso lugar.
Trinta anos. Não é exatamente um hiato qualquer, um tempo ao qual se relegue pouca importância, algo que possa ficar quieto no desvão de algum esquecimento. Não. Trinta anos é uma vida, é tempo suficiente para se construir e se destruir e se reconstruir tantas vidas quantas se queiram.
Pois havia a lua e o tempo passado e a iniciativa de um, adensada por outros, encampada por muitos, de estarmos ali, naquele dia, naquele lugar, fosse com algum esforço, ou nenhum, com algum desvario, ou total lucidez, mas de estarmos juntos. E lá estávamos nós, devidamente reconciliados com nossas biografias, trazendo nas mãos e nos corações as lembranças e os esquecimentos que o tempo, mestre dos mestres, invariavelmente oferta.
Foi um presente. Foi alegre, foi puro carinho, foi o mais puro dos afetos, um desses momentos pelos quais a vida vale a pena, que lhe dão um contorno de arte, que nos projeta para a grandeza que sempre existe, embora tantas vezes acabe soterrada pelo turbilhão do cotidiano.
E foi revelador. Sim, revelador. É que, não tendo ido à nossa formatura, a diretora da escola acabou por nos deixar um legado que não existiria se tivesse comparecido àquela formalidade, como lhe convinha, aliás. Para quem não acredita em destino, aí está uma boa razão para se acreditar em ironia do destino.
Deixou-nos ela uma carta aos cuidados da Flávia, que luxuosa e secretamente a guardou por estes anos todos, e ali, lida por Betinha, foi por nós escutada e sorvida com solene silêncio, o único daquela noite de risos e algaravia.
Disse-nos do prazer que a convivência conosco lhe causara naqueles anos todos, do grande desafio que era formar pessoas, e, sobretudo, do imenso amor que envolve a educação de crianças e adolescentes. Falou, reiteradas vezes, do amor. Do amor. Sempre ele, o amor.
No mais, foi alegria, a melhor coisa que existe. Quem mudou, quem está igual, quem faz o quê, por onde andou, quem faltou, quem não se achou, quem se perdeu, quem fez falta, quando vai ser o próximo. Enfim, parodiando o Poeta lá de cima, que sei que me dá licença, se a vida é a arte do encontro, é também - e mais ainda - a arte do reencontro.
Valeu, Turma do Isa!

8 comentários:

Anônimo disse...

Dedé, vc sabe como emocionar alguém! Acho que vivemos o que aquela personagem de Meg Ryan procurava em "Sintonia do amor": o momento mágico, o encontro mágico. E aos 40 e... é uma lição de vida rever os amigos daquele período crucial em que começamos a dar os contornos para o adulto que nos tornamos. É muito bom saber que fizemos parte de uma turma muito especial, carinhosa e cheia de tesão pela vida. Agora fica a proposta de lema: Separar de novo, jamais!

Frederico disse...

Bom ver que houve plena felicidade nesses dias onde tantos tiveram que se contentar com o mais ou menos, o bom porém ruim, o que deu pro gasto; dias em que muitos também lamentaram pelo que se foi, dizendo que muitos outros é que deveriam partir sem apelação. A vida e o amor continuam apesar dos seus inerentes desvãos - no final das contas, necessários até.

Anônimo disse...

Quero dizer que adorei o reencontro...tanto pessoal...como em palavras tão bem descrito por vc!!!
Ai me vem uma pergunta ja' "batida":

Foi bom pra voce???

Porque pra mim FOI!

bj

Denise S. disse...

Roberta, foi muito legal, muito mesmo!

Anônimo disse...

Só hj tive tempo de ler seu texto, já tão comentado pelos amigos, e concordo com eles: vc escreve muuuiito bem!! Tb gostei demais de ver vcs. Adorei as fotos! vamos nos reencontrar mais vezes.

Anônimo disse...

Dede,
É uma delícia ler o seu texto.
Você conseguiu com as suas palavras e a sua maneira transparente de escrever ,as emoções do que foi aquele nosso encontro.
Beijos carinhoso,
Dê.

Anônimo disse...

Reencontro parte dois!

Quero deixar "gravado" q eu adorei o nosso almoçinho!
E' como vc mesmo disse:umas amizades vao..outras vem..ou melhor,outras voltam pra dizer que NUNCA se foram.
Porque foram construídas c algo mais forte que coincidências profissionais..ou algo menos importante q a coincidência que na verdade sao pseudónimos de Deus...

Gostaria de ter estado presente nos seus momentos difíceis,mas acho que de certa forma estive através de suas lembranças...
Gostaria de ter continuado tudo como sempre foi,e nunca precisar dizer isso tudo através de um computador!

Porem,espero q esse espaço ausente seja preenchido nao so' c recordações,mas com novos acontecimentos,novas estorinhas!

Um GRANNDE BJU
To viajando e volto tipo dia 27!
bjusss

Anônimo disse...

Já virou até lugar comum, Denise, mas o que mais eu posso dizer? Lindo o seu texto, como sempre :)

E que reencontro divertido, hein! Imagino que devem ter tirado muitas fotos...

Ah, esse reencontro é o que foi "promovido" via orkut, né? Bjs :)