segunda-feira, junho 12, 2006

Mulata Assanhada

Recebo uma mensagem bastante bizarra, a começar pelo endereço eletrônico da remetente – assanhadamulata arroba alguma coisa.
Diz-me que por acaso encontrou o meu blog, que adorou o título, que se identificou loucamente com o texto “Gainsbarre” porque tem situação parecida com Roberto Carlos, que (ainda) não se casou com ela porque (ainda) não a conheceu, mas que o tempo se encarregará de resolver este pequeno descaminho; fala que gostou de “Volta”, deteve-se em “C’est la Vie” e, curiosamente, reconhece não ter vergonha de se dizer assanhada, porque herança de família e tradição não se desconsidera. Sua mãe, a mais assanhada de todo o matriarcado, teve três filhas com três homens diferentes, todas lindas, todas mulatas, ainda que com variações de cor. Ela diz ser mel-queimado, sua irmã do meio mais feijão, a mais velha a mais clara. Todas black power, todas com cintura fina, belas pernas e bunda generosa.
Ah, a bunda. Um capítulo à parte. Tece loas à sua própria em duas linhas de puro escárnio, diz que lhe prometem mundos e fundos se... Bem, não importa. Não se envergonha desta sua parte copiosa e diz que a curva de sua cintura é algo escultural. Não, a modéstia não lhe socorre neste particular.
Mas lhe socorre em outro, pois, a despeito de pouco estudo - confessa não haver completado o segundo grau -, tem um texto perfeito, sequer um erro de português. Elabora, explica, conclui, muda o período, tem ritmo, tem bossa. “Assanhada” leva jeito para as letras.
Diz que apenas agora começa a se dar conta disso e que o descobriu depois que o pai de sua irmã mais velha lhes deu um computador, posteriormente acessado à Internet por presente do pai de sua outra irmã, a do meio. Como está desempregada, andou navegando nas tardes vadias e disse que, para pasmo seu, para sua surpresa incontida, percebeu que tem “isso de conteúdo” e que não viu muitas coisas bem escritas em blogs e afins. “Vi muita abobrinha”, diz, “muita sacanagem”.
Quer minha ajuda, mas como posso ajudá-la? Sugeri que faça um blog e que nele escreva o que lhe vem à cabeça, como sói em blogs. Sugeri um título, expliquei que não é difícil e que certamente terá bastante diversão.
Respondeu-me Mulata Assanhada hoje, lacônica: “preguiça...”

2 comentários:

Frederico disse...

Denise, vira e mexe lembro da minha promessa, não esqueci não.:-)
PROMEEEEEEEETO que em breve mando o passo-a-passo para o link no blog. Ia comentar do novo visual do Quieta - ficou parecidinho com o meu hein ?! Pensei até em escrever um texto levando em conta a questão do brokeback mas ontem à noite a internet não deu as caras lá em casa... estou no TRT agora. Um beijo. ;-)

Ricardo Rayol disse...

Imagina o que vai sair dessa cabeça rs