terça-feira, novembro 11, 2008

blind date




Blind dates são, por natureza, constrangedores. Alguém anteviu alguma afinidade entre você e um amigo e armou o encontro. Você não quer ir, mas cede; quase desiste, mas segue em frente. Ficam os dois ali, meio que se entreolhando, num ritual de aproximação quase indígena, vai um espelhindo daqui, vem uma pena em troca de lá. É o meio de cultura ideal para a infecção pelo vírus da gafe. E uma gafe é algo mortal numa situação dessas, capaz de catapultar seu sujeito ao total esquecimento do outro, ou, pior, ao escárnio pelas costas com o amigo armador do encontro. Fazer o quê? Uma gafe, por definição, é uma inconveniência não-deliberada; se deliberada fosse seria uma grosseria. Dessas coisas horríveis da vida. Tenho sempre um pouco dessa sensação de blind date com autoridades de outro país e é bem assim que me sinto em relação ao presidente eleito Barack Obama. O fato de ter que conviver com alguém não-escolhido por mim que, mesmo distante, é capaz de me afetar por uma decisão sua, me traz essa sensação. É estranho, mas é verdade. O pior é que ele próprio já cometeu uma gafe e foi alvo de outra. Que coisa! Espero jamais encontrar com esses blind dates. Temo cometer uma gafe incontornável. Já pensou criar um incidente diplomático?
as fotos, capturadas da internet, mostram o que um amigo me disse ser uma das mais valiosas qualidades de um político: ter um belo sorriso e uma expressão agradável, amistosa.
há um artigo chamado "Barracobama ou Tem Branco no Samba", de Mathilda Kóvak, publicado no Cronópios, portal de literatura e arte, que vale a pena ler. É, no mínimo, polêmico.

Um comentário:

St. Mário disse...

eu já me senti assim, mas com amigos de amigos. é tão constrangedor ver o entusiasmo do seu amigo ao apresentar o dele, que vc, quando não bate com o dito cujo, fica meio barro meio tijolo, sem saber onde por as mãos. aprendi onde por as mãos: numa tacinha. bjs...