quinta-feira, julho 20, 2006

A Verdadeira História das Tetas Cabeludas

(a pedidos e bem atrasadinha, aí está a verdadeira história das tetas cabeludas, singela tentativa de reprodução do relato de seu protagonista, e a solução do caso).

Sinto uma mão me alcançar pela cintura e um bafejar no pescoço: “Bonequinha de Luxo”, o que me fez, de imediato, já tendo reconhecido a voz, girar e disparar “Abusado!”. Um amigo das antigas – a justificar, portanto, estes estranhos tratamentos - quanta saudade. Tantos anos sem nos ver, muita coisa para contar, não poderia imaginar que, entre as novidades, estivesse seu divórcio: para mim, seu casamento era daqueles vocacionados à eternidade, tamanha afinidade. Essas coisas, às vezes, me fazem perder um pouco da esperança.
Disse ele que não houve jeito e, a despeito de haver deixado para trás sua vida para acompanhá-la quando designada para servir no exterior, lhe foi impossível manter vivo o casamento. Foi-se, esvaiu-se, escorreu por entre os dedos. Chorou muito ao ler uma carta que havia escrito à sua mulher no dia do casamento chamada “compromisso dos dez respeitos”, porque o primeiro item, o mais importante segundo seu entendimento, já não existia mais, “o interesse pela vida do outro”. Ali percebera que o divórcio era inevitável, haviam se distanciado e não atinavam o porquê. Acontecera. Choraram muito ao resolverem se separar. E no dia da assinatura do divórcio resolveram que deveriam sair para dançar, e dançaram, e se embebedaram; bêbados, choraram de novo. Depois disso, nunca mais se viram. Aí seus olhos marejaram e os meus também.
Começou, então, a pensar na vida e percebeu, após algumas saídas com amigos, que não era de todo mau estar de novo solteiro e, principalmente, que era muito bom estar de volta ao Rio. Sentiu-se um pouco só no início, depois ciscou aqui e ali e acolá e logo percebeu que muita coisa havia mudado, não no mundo propriamente, porque o mundo não lhe tinha passado desapercebido naqueles últimos tempos em que estivera fora, mas nas mulheres, porque as hondurenhas não lhe despertaram muito interesse. E tinha convivido apenas com hondurenhas por bons seis anos.
Percebeu que as mulheres haviam se tomado de um “ar” e davam uma importância demasiada a si mesmas. Havia nelas também uma empáfia, além de estarem todas muito cabotinas. Percebeu também uma mudança física tremenda, muito magras, muito fake. Mutantes. Sim, mutantes e aí é que entram as “tetas cabeludas”.
Tudo começou com uma jovem senhora (ele diz jovem senhora) que conhecera no prédio em que trabalha. Vai daqui, vai dali, encontros casuais no elevador, tal e coisa, um convite para almoçar, outro para jantar, vai indo, quase evoluindo para um fim de semana juntos até que um dia, sentado defronte a ela num jantar, percebe que sua boca havia mudado. De um dia para o outro aquela boca de lábios finos e levemente nervosos cedera lugar a lábios carnudos, densos. Lentos. O quase-caso termina rápido ali mesmo: ela vai ao banheiro ao fim do jantar e, ao voltar, o encontra de cabeça baixa, o olhar fixo à mesa. Recebe um "não" à sua pergunta se estava tudo bem com ele e a informação de que ele precisava ir imediatamente embora, não se sentia bem. Partiu sozinho. “Nunca mais a procurou?” perguntei, “Não”, disse ele, “Por causa da boca nova?” indaguei, com estranhamento, “Sim”, afirmou, “Aquilo me afligiu, não poderia mais beijá-la. Fiquei desolado, gostava dela, mas não pude evitar”.
A este se seguiram casos similares. Uma outra jovem senhora que subitamente perdera parte de sua expressão (parece que em decorrência de algo que se injetara, uma toxina, não se lembrava bem do nome, algo que soube depois ser muito popular, mas não conseguira ouvir toda a explicação e quase desfalecera enquanto ela, com riqueza de detalhes, falava daquela maravilha da medicina moderna) também não foi mais procurada, assim como igualmente não o foi aquela que, num belo dia, apareceu com as maçãs do rosto salientes, fruto de algo também injetável, duas pirâmides perfeitas a apontar para o céu. O quarto caso da série fake aconteceu com a irmã de uma amiga sua com quem estava saindo, mas neste caso quem levou o fora foi ele. Perguntou se ela cortara o cabelo e ela havia colocado cabelo.
Ficou com medo das mulheres e, sobretudo, das coisas a que consensualmente se submetiam.
Quando já estava bem desanimado conheceu Bela, uma mulher fora do comum. Grisalha, com uma cabeleira hirsuta e uma leve imperfeição no lábio, bronzeada porque ainda se permitindo o vício do sol, perfumada, inteligente, divertida. Linda. Já separada e em vias de formalizar o divórcio, como ele também se readaptando ao Rio, pareceu-lhe simplesmente perfeita. Dizia coisas que nunca lhe ocorrera pensar, muito original. Reiteradas vezes afirmou que queria se livrar de tudo, tudo o que lhe incomodava, tendo este processo se iniciado dois meses antes com a decisão de se separar.
Era só conversa e cinema e chopp e jantar e teatro até que um dia a coisa pegou fogo na casa dela. Ora, normal. Ela hesitou um pouco, ele insistiu, ela cedeu. Beijos ardentes, uma maravilha, evoluíram para as preliminares. Etc. Etc. Ele interrompe seu relato e me olha com uma expressão marota. “E aí?”, pergunto eu, odiando o fato de ser geminiana e ter esta curiosidade incontrolável. Aí ele diz que, já na cama, sentiu uma coisa estranha nos lábios, como cócegas. Algo aflitivo. “É, é?”, falei, arquejando a sombrancelha. “Eu estava beijando seus seios”, disse ele, sabendo que matava minha curiosidade. “E o que você fez então?”, disparei. Contou que então se levantou e foi ao banheiro para depois ter um ensejo de acender a luz. E eis que ele se deparou com as tais tetas cabeludas. “Como cabeludas?” perguntei, já iniciando aquele inevitável frouxo de riso que se apodera de mim quando sinto constrangimento no lugar dos outros. “Totalmente cabeludas”, disse ele com ar contrito, “Você não faz idéia. Pelos imensos, finos, super longos, nos dois mamilos. Eram tantos que os cobriam totalmente. Pelos pretos em contraste com a pele branca dos seios. Nunca havia visto nada igual”. Falava com uma expressão de horror e como se buscasse em mim (logo em mim) alguma explicação para o tal fenômeno. Saí dizendo que nunca havia visto nada semelhante nos seios, mas que existiam métodos muito eficazes de depilação. Esta hora foi um horror, porque tive um frouxo de riso mortal, que o contaminou. Retomado o fôlego, disse ele: “Aí está o problema. Resolvi sugerir que ela buscasse alguma solução, uma porra de uma toxina, um injetável, um troço laser, e ela me respondeu que passou anos se mortificando com a pinça, pois bastava apontar um ponto preto nos mamilos para ter que imediatamente o retirar, seu ex-marido tinha horror daquilo. Aliás, não admira que tivesse... (aqui eu ri de novo, mas logo me controlei). E por tudo isso é que tinha se separado e que agora era uma grisalha feliz, que tomava sol à vontade, comia carne, falava merda, gargalhava e que queria se livrar do que a incomodava e do ranço opressor que a subjugara anos a fio e blá blá blá. Um discurso com o qual concordei inteiramente”. “Bem”, disse eu, “se é assim, você vai ter que se acostumar com as tais tetas”. “Jamais!”, exclamou. “Então, é um impasse, “Pois é, pois é...”, disse pesaroso, “é um impasse, porque ainda estamos juntos e eu gosto muito dela. Nunca uma mulher me divertiu tanto”.
Cinco dias depois, ele me liga meio na correria dizendo que agradecia imensamente meu presente e que sua vida estava ótima, pois havia resolvido o problema das tetas cabeludas que o tornara um insone há dias. Eu havia lhe mandado um super soutien gorge preto da Victoria's Secret para que ele a presenteasse, algo que me pareceu óbvio para o caso. Já na hora do quando a gente se vê de novo e tal ele me faz lembrar o porquê daquele apelido que lhe dei anos atrás: “herr, hã, vem cá, eu preciso te perguntar... você é 100% orgânica?”.
Se isso é pergunta.

8 comentários:

CrissMyAss disse...

Credo, Denise, que história!

Ricardo Rayol disse...

ahahahah, show! Conheci mulheres do tipo robocop e são de lascar. Vaidade tem limites. Quanto a tetas cabeludas, bom, bem, se as tetas eram cabeludas imagine-se o resto ....eeeeca!!!!!

Denise S. disse...

Ricardo, eu pensei nisso também, mas não tive coragem de perguntar, embora morra de curiosidade. Não sou tão abusada. Seria a criatura como uma floresta sub-tropical?

Frederico disse...

Nossa, que horror mesmo... coitado do cara... se apaixonou pela moça da teta cabeluda... cruzes. (mas isso deve ter tratamento; certamente tem. Digo, sem medo de errar: eu não iria conseguir ficar com ela. Sei disso, me conheço)

Anônimo disse...

O "figo" egípcio vai com penugem. Já o "grego" tanto faz (ninguém olha mesmo). Agora leite com cabelo faz engasgar. Inté criança nûm gosta.
Strix.

Anônimo disse...

Pelo amor de Deus!!! Onde essa mulheres q fizeram botox e restilane estão c a cabeça???Façam..mas NAO FALEM!!!!
Bom..o caso da "Angelina Jolie de uma hora p outra" foi bandeira mesmo......deveria ter feito antes mesmo de nascer..mas..a do botox tinha q ficar calada!
Conheço uma pessoa q "roubou" dinheiro do marido p fazer o tal botox,p q ele nem de longe soubesse em q o dinheiro havia sido empregado!!Pq o marido e' contra essas coisas artificias!! Mas adora..eu disse A_DO_RA uma virilha depilada...um bumbum limpo...uma obturação em porcelana e assim vai...

Mas pelos??Por que te los???

Peito não foi feito p ter pelos!!
Meu amigo,p mais maravilhosa q essa grisalhinha seja,na hora "h" vc vai lembrar q,embaixo daquela coisa perfeita q e' um sutiã da Victoria's Secrets,tem uma peruca Lady...ta'?????
Entao,me da' o email dela q eu envio uma mensagem anônima falando q na PELLO-MENOS a gente não precisa marcar hora...e que com depilaçao a laser os pelos param de crescer....e os homens,de fugir!!!

Anônimo disse...

Dede'..vc tem a lista do Compromisso dos 10 respeitos??? To curiosa..bjuss me manda???

Denise S. disse...

Roberta, ao que entendi, a namorada quer ser extamente como é hoje, au naturel. Então eu pensei que o jeito era não mostrar e parece que deu certo. O compromisso dos dez respeitos não tenho, fiquei curiosa também mas não tive coragem de pedir, havia uma emoção ali. Um dia eu peço.