sábado, dezembro 12, 2009

nos anos 2000

Não pretendo fazer balanço da década, não tenho competência para isso, e também ainda não está realmente completa.  Além do mais, minha memória mudou: se antes fui qualificada por um amigo como um "catálogo ambulante" porque me lembrava de tudo e nenhum detalhe me escapava, agora já não é bem assim.  É estranha a memória, há detalhes e pessoas e fatos de que me lembro quase que cinematograficamente, e há coisas que parecem que me foram lavadas da massa cinzenta.  Química cerebral alterada? Tico e Teco já funcionaram a pleno vapor, mas me acalmou meu professor de yoga ao dizer que depois dos quarenta, para funcionarem bem, só pegando no tranco com as posições invertidas, e lá vou eu ficar de cabeça para baixo...  Pensar em falar sobre os nove anos desta primeira década dos 2000 até que me desafia, mas não sou pretensiosa.  Dizer também que entrar em 2010 me parece algo tresloucado porque ontem mesmo estranhei escrever "2000" é chover no molhado, não há ser vivente sobre a Terra que não diga que o tempo passa muito mais rápido do que antes.  O fato é que os 2000 vieram após a esquisitice e cafonice estética dos anos 80 e do minimalismo quase espartano dos 90 e fizeram do mundo um lugar muito menor e muito mais perigoso, e que, polêmicas à parte, evidenciaram o que antes já se intuia sobre o clima, porque o tempo mudou, não há dúvida.  Nos 2000, a instantaneidade e exposição proporcionadas pela web, a aproximação das pessoas, as relações virtuais.  O telefone celular e seus prós (adolescentes ligam diretamente para seus namorados sem passar pela sogra, que maravilha!) e contras (será que nunca mais terei paz?) igualmente mudaram padrões e me fazem pensar que a tecnologia é como advogados - um mal necessário - depois que se incorpora à vida das pessoas não se vive mais sem.  Entro em 2010 lembrando que quando criança pensava que nos 2000 estaria trafegando em foguetinhos e à beira da decrepitude.  Valeu pela lembrança, Tico e Teco, mas me alivia perceber que, embora persista estranhando muita coisa, não será bem assim quanto à decrepitude, ainda que tenha que continuar jurassicamente me deslocando sobre rodas e dirigindo num trânsito histérico.  Que venha 2010.  E feliz ano novo! 

4 comentários:

João Carlos disse...

Nos anos 80 usávamos o telex e depois o fax para falar com a matrix em NY. Tínhamos fim de semana dezembro era o mês das festas. Agora com e-mail, celular, blackberry etc estamos sempre on-line. Ficou bom por um lado mas escravizador e enlouquecedor pelo outro. E eu só me ligo no natal a partir do dia 23. Aproveitando: Feliz Natal!!!!

Denise S. disse...

É verdade, João carlos, essa tecnologia toda não me parece ser algo para servir às pessoas, mas seim para delas se servir.

Anônimo disse...

Adorei o texto panoramico sobre esta década. E tenho a mesma impressão qto a decreptude ( menos... )e ao transito - de fato, o grande problema. Aliás, acho que talvez seja o maior desafio tecnológico: será que a gente pega o "teletransporte"? Seria ótimo. Você experimentava? Confia? :)

Bjs!Happy New Year! Ana Luiza

Denise S. disse...

Se eu experimentaria? É meu sonho de consumo existencial!