quinta-feira, fevereiro 07, 2008

A Superterça, o Mardi Gras, Hillary Clinton e Erica Jong: Coincidências de 2008


E não é que a superterça este ano cai no Mardi Gras? E não é que este ano o Dia de Iemanjá caiu no primeiro dia de Carnaval? Originalidades de 2008 à parte, me surpreendi ao ver, na edição física do Globo, um artigo escrito por Erica Jong para o Washington Post sobre Hillary Clinton. É que, coincidência das coincidências, o que parece ser o denominador comum deste ano, estou terminando de ler um livro desta autora chamado “Medo de Voar” que, lá pelos 70’s, fez a cabeça de muitas mulheres, minha amiga Marcia incluída. Então adolescente, Marcia vivia brandindo o livro como panacéia para todos os nossos males, como oráculo esclarecedor de todas as nossas dúvidas, e talvez tanta certeza de sua parte tenha gerado certa desconfiança em mim sobre aquela sabedoria toda. Mas o destino tem lá seus caminhos e, passados trinta anos, não titubeei ao comprar (por um real), num bazar de caridade ali na Rua Canning, pertinho de onde a Marcia morava, outra coincidência, uma edição bem antiga deste livro. Não surpreende que Erica Jong tenha feito a cabeça de tantas mulheres - sua descrição da “mulher fálica” e do “sentido masculino da territorialidade” são absolutamente atuais. O resto é o feminismo em seu nascedouro e puro estado, tendo a história mostrado que a liberdade sexual da qual desfrutou sua geração - materialização do ideário feminista - sucumbiu ao perigo da AIDS. Porque, com franqueza, aquilo sim era liberdade sexual.
E não é que a síntese de Hillary descrita por Erica Jong é desprovida de qualquer feminismo radical? Observa Jong que Hillary sempre esteve ao lado das mulheres e das crianças americanas e que são estas as pessoas mais oprimidas daquele país. Aí está uma verdade universal: os destinatários históricos da opressão sempre foram (e são) as mulheres e as crianças, não importa em que país estiverem, no ocidente ou no oriente. E, entre tantos fatos que pontuaram a trajetória de Hillary, Jong destaca esta defesa como a justificativa para ela haver se tornado sua candidata à presidência.
E não é que Erica Jong, trinta anos depois, se revela incrivelmente lúcida e imensamente sensata?

foto capturada do www.nyt.com

5 comentários:

Anônimo disse...

Seu blog está muito erudito, atual e, até, tecnicamente sofisticado. Parabéns!

Você já leu a história do Obama? Saiu num artigo do Globo no Carnaval. Impressionante!

Mas acho que a Hilary vai levar...

Bjs,

KC

Lord Broken Pottery disse...

Denise,
Se fosse americano também votaria nela. É quem tem as melhores propostas. É justamente o voto feminino que vem dando força à sua candidatura. O ideal seria que os democratas formassem uma chapa com o Obama, que tem apenas 47 anos e pode esperar mais um pouco, para vice. Seriam imbatíveis.
Beijo

Anônimo disse...

Denise, acompanho o Lord. Eu também votaria nela, mesmo porque acho que as mulheres têm mais sensibilidade e até autoridade do que nós do "sexo-homem"...
O que me conquistou nela, além das suas aparentes qualidades pessoais e políticas foi a sua postura diante do caso Monica Lewinski.
Beijo

Denise S. disse...

Não sei se votaria nela, mas acho Hillary uma excelente candidata.

Eduardo Lima disse...

Se a Hillary vai levar agora ou depois, não importa. Se a Bachelet não for reeleita também não. Se a Dilma não quiser ser candidata, idem. A coisa é irreversível: mulheres são mais preparadas para governar porque são seres mais sofisticados. Sem ismos de qualquer espécie. A prova está nas senhoras gordinhas que tomaram o poder à força numa ilha de pescadores bêbados e 10 anos depois colocaram no mapa o país com maior IDH do mundo, a Islândia.
O cromosso x é muito mais completo do que o Y. As mulheres têm 2, os homens só 1. E uma base nitrogenada a mais ou a menos faz a diferença entre o homem e o macacos. Pelo alto grau de diferenciação entre os pares de nossa espécie, me espanta ainda como podemos nos reproduzir.