sexta-feira, abril 02, 2010

o causo do coup-de-foudre e a goiabada

A 'famigilia' se reuniu em peso no último domingo e da reunião brotaram causos.  Do passado e do presente é muita história; não admira, a famiglia é mesmo imensa e a memória é cultivada.  Há uma história que sempre achei meio fantasiosa, mas que parece ser de fato verdadeira, a da noiva que fugiu com o padre no dia de seu casamento, lembrada e relatada a uma prima querida e a mim ainda uma vez.  Ouvimos atentíssimas e pus-me a indagar (ninguém soube dizer, parece que os dois sumiram no mundo) se tiveram filhos, se foram felizes, o que fizeram da vida, onde moraram. Nada se sabe.  Sabe-se, porém, ou pelo menos é o que se conta, que a noiva teria fugido com o padre bem na hora do casório àquela época pudica do fim do século retrasado e naquele fim de mundo.  Figuro os noivos ali, prestes ao enlace, justo no momento do 'felizes para sempre até que a morte os separe' e ela, marota, dando uma piscadela para o padre, o sinal para evadirem-se, o que fizeram num cavalo que ali dava sopa.  Seriam apaixonados já há algum tempo ou tudo se deu mesmo na hora do casório?  Disseram-me ter sido a segunda hipótese, o padre era novo na cidade.   Foi o mais perfeito amor à primeira vista, coup-de-foudre total. Falei a minha prima que um caso de quem larga tudo por um amor demasiadamente súbito e intenso é o avesso do amor impossível, aquela coisa deprê de Abellard e Heloïse, de Romeu e Julieta, criaturas desprovidas de desprendimento e coragem.  Rimos as duas.  Eu, pela história bizarra; ela, suponho que sim, mas também porque antes me confidenciara, com aquela singeleza própria da gente do interior, que está produzindo (e vendendo) nada menos do que sessenta toneladas de goiabada por mês.  Ô, sô!   

foto capturada da Internet

6 comentários:

Tiago Cruz disse...

Sessenta TONELADAS de goiabada?
Haja goiaba!
Prcisando de um representante em BH, estamos aí...
Abs,
Tiago.

Anônimo disse...

Aí me coloco na posição do noivo ao saber que sua amada fugiu com o padre. Triste.
Mas há casos, ficção ou realidade, ainda piores: em "Toda nudez será castigada", o protagonista sabe pela amante que seu filho fugiu com o "ladrão boliviano".
Outro: uma conhecida jogadora de basquete conseguiu ótimo contrato e foi jogar na Espanha. O marido no interior de São Paulo. Lá, sozinha e carente, foi convidada para jantar na casa de uma colega de time. O contrato acabou faz um tempinho mas ela continua na Espanha.
Bom, onde é que a gente consegue um pouco dessa goiabada?

Mariana disse...

Pensava que essas coisas só eram partilhadas às mesas aqui do Goiás. Só não entendi direito a parte da goiabada: sua prima ter entrado num negócio de goiabada foi algo tão audacioso quanto fugir com o padre?

Denise S. disse...

Tiago, é isso mesmo, sessenta toneladas de goiabada!

Carioca, tá chegando ao Rio... Chama-se Harlston.

Mariana,as duas histórias são casos de família, apenas... Volte sempre!

SB disse...

Fugir com uma paixão deve ser o máximo, aliás morro de inveja disso. Com um padre -- é o máximo do máximo, principalmente sendo no interior!
Histórias assim me faz lembrar da sogra que se apaixona pelo genro e assim que a filha morre se declara pra ele e, pior (ou melhor, quem sabe?), ele também era apaixonado por ela e aceita. O sogro? Não sei, mas deve gostar de goiabada, pelo menos é doce.

Muito bom viu, adorei!
"Causos" de família e goiabada combinam muito e são sempre gostosos!

Denise S. disse...

SB, há uma comédia francesa sobre genro que se apaixona pela sogra deliciosa. O título original é "Belle Maman" e a sogra é interpretada por ninguém menos do que Catherine Deneuve. É muito divertida essa comédia!