Há exatos cinco anos atrás recebi a gentil visita de senhores e senhoras que bateram à minha porta às seis horas da manhã. Entraram abrindo as gavetas, levantando almofadas, mexendo em tudo. Não tive medo, mas quase morri de susto. Aliás, quase mesmo. A dita visita poderia ter sido evitada - uma carta, um ofício seriam bastantes.
Mas não. O circo à época montado demandava a cena. Não impedi, não embaracei, fiz o que me pediram. Até hoje a coisa se arrasta.
Antes de se cunhar a expressão "cancelamento", fui cancelada. Fui também a primeira advogada a ter o seu ofício criminalizado.
Em 2016 eu tinha 32 anos de formada. Uma reputação construída com muito, muito esforço e luta. Como doeu. Ainda dói.
E dói porque não terminou, a coisa se arrasta. É tão insignificante que se arrasta, esquecido em algum escaninho empoeirado. "É a pandemia", dirão alguns. Não, não é a pandemia. É algo que não deveria nem ter começado a existir, mas, já que começou, que não tardasse em acabar.
Tenho minha consciência tranquila, sempre terei. E aqueles que provocaram todo esse horror, de uma forma ou de outra, certamente consciência é algo que não têm.
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