quarta-feira, janeiro 17, 2007

um certo dia

não senti frio nem calor
não tive fome
não fiquei cansada
tampouco senti o tempo passar

foi um dia inócuo, insosso
não foi um dia como outro
foi um dia como nenhum.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

para a minha...

... tão dileta:

adorei teu cartão de natal, quase ninguém mais manda cartão de natal,
muito lindo.
Também amei tuas notícias
e de tua família
maior agora com a chegada de mais um baby.
Aqui vai-se indo
às vezes pra frente,
outras de lado, quando não se dá marcha à ré.
Redescobri o Circo
que tantas vezes fomos juntas
solteiras e lindas e loucas
e vi Caetano e Zélia Duncan,
esta que te escapa,
mas que te mando em breve em CD.
Quando aportas em Terras Cariocalis?
Lá em casa posso receber vocês todos.
Vem logo!
Precisamos nos dar de presente
um pouco do nosso presente.

imensa saudade,

D.

p.s. este poema aqui ficou meio parecido com um de Ledusha, poeta que adoro e que andei relendo.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

líbero

você assim tão paroxítono
tão pleno de palavras insólitas:
cornucópia, cúpida, híbrida,
cândida, cálida, lânguida,
vívido, cântico, sânscrito,
lépido, líquido, lírico.

você tão quântico e fálico,
eu cômica e súplica
você tão mediúnico,
eu mixórdia
você tão harmônico,
eu bobamente estúpida.

você tão tudo
eu
(...)
quase nada

quarta-feira, janeiro 10, 2007

este feeling que estou sentindo

Fazia tempo que ela não me escrevia, mas ontem recebi um e-mail seu longuíssimo. Fala de variados assuntos, desde digressões sobre as conseqüências de um falso cabelo louro até sua enorme dificuldade de conseguir emprego. Angustia-se por estar desempregada, o que não surpreende. Surpreende, sim, saber que um bloguinho vadio desses aqui pode provocar uma extremada confiança em sua dona. No caso, eu.
Bem, conta que foi a várias entrevistas, sendo que uma delas é descrita com riqueza de detalhes, que participou de inúmeras seleções e de dinâmicas de grupo. Ao fim e ao cabo, sempre a mesma coisa, um telefonema, telegrama ou mensagem dizendo: “obrigada por participar de nossa seleção, seu currículo estará em nossos arquivos para outras oportunidades etc”. Transcreve um dos diálogos e é para ele que ela pede minha atenção.
Falo de Mulata Assanhada.
Não sei bem como dizer-lhe que ela nadou, nadou e morreu na praia. Saiu-se bem, segundo posso supor do diálogo, não mentiu, não enganou, não quis parecer o que não é. Imagino que apreciaram sua redação, tem bossa, bom vocabulário; aliás, um vocabulário muito acima da média. Usa palavras incomuns com precisão, pontua corretamente, tem boa cadência. Mas não sabe falar inglês, e aí está o perigo.
Não o perigo de lhe ser demandado o manejo do inglês, nunca lhe pedem domínio, sequer noções, de língua estrangeira, mas o de empregar expressões em inglês erradamente.
Mulata, sendo breve: não se diz “este feeling que estou sentindo”, minha flor. De onde você tirou isso?

segunda-feira, janeiro 08, 2007

plúmbeo

a moça do bar me atendeu com um certo desespero
o rapaz que buscou meu carro tinha um ar triste
estava desalentado o porteiro, olhando o vento

e sequer é noite neste dia de chumbo.