Tem alguma coisa que acontece no início de verão que altera a química do cérebro. Não sou especialista, mas já tenho verões suficientes para fazer uma amostragem. Se nós, humanos, somos pura química, e parece que somos mesmo, suspeito que o resultado do calor sobre os miolos durante o dia que à noite são resfriados pelo ar condicionado certamente tem um efeito lisérgico sobre o inconsciente. Sempre nessa época do ano me vêm sonhos estranhos.
Essa noite, por exemplo, voltou a girafa. Sim, a girafa, minha velha conhecida. Ela sempre reaparece. Desta vez eu estava no metrô, ajudava um senhor a descer a escada rolante (por sinal, enorme) e, ao chegar na plataforma, havia muitos bichos circulando. Todos os passantes se assustavam, menos eu, que os olhava com familiaridade. Deambulei aqui e ali e, então, a girafa se aproximou. Ficamos cara a cara, como se fôssemos velhas conhecidas. Paradas, uma olhando para a outra, até que ela começou a ruminar, mexendo os maxilares num gesto de mascar chiclete. Olhávamos uma para outra na esperança de nos assegurar que éramos mesmo nós duas. O curioso é que... bem, éramos mesmo nós duas. E eu nem me lembrava mais de sua presença episódica em minha intensa atividade onírica.
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