terça-feira, setembro 22, 2009

a origem das coisas

Quando as coisas não me vão lá muito bem em termos literários eis que um Hemingway vem em meu socorro. Deste - "O Verão Perigoso" - nunca ouvira falar, mas caiu no meu colo como um quina da loto me cairia perfeita se estivesse prestes a sair de férias. Um Hemingway tem essa fisgada imediata, da primeira linha até onde a vista aguenta segue-se num prumo só, e é apenas o sono que pode então me vencer, embora antes relute bastante. É fluido, é instigante, é prazeroso. É delicioso. O tema deste em particular são as touradas que ele tanto admirava e quanto mais são descritas mais me fazem pensar na origem delas. O que terá sido? Um camponês que desafiou os amigos a enfrentar um touro e depois virou uma competição causada pelo excesso de testosterona dos adolescentes virando machos? Ou terá sido um rapaz que quis fazer bonito para a sua amada que não o notava? Tantas coisas cujas origens me escapam, pensei. O fã clube da bossa nova no Japão, a queda dos italianos pelo drama, o pé-sujo fedorento que vira ponto de encontro absoluto, a intimidade que se faz do nada, o filme idiota que fica um ano em cartaz, o amor eterno que se desfaz, outro arrasado que se reconstrói. O mundo e meu permanente pasmo diante dele, cuja origem, também esta, ignoro.

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