domingo, junho 21, 2009

tudo e mais um pouco

uma páprika doce e uma pimenta-do-reino
salsa, cebolhinha,
e também manjericão e coentro e sálvia

um atalho, uma via expressa
um viaduto, uma marginal
uma grande avenida central

você, meu tempero,
meu caminho e meu descaminho
o que tenho de mais certo e de mais errado.
Até aqui, sendo bem franca:

você é tudo pra mim

sábado, junho 20, 2009

let´s do it, let´s fall in love

But that’s why birds do it,
Bees do it,
Even educated fleas do it,
Let’s do it, let’s fall in love.

In Spain the best upper sets do it,
Lithuanians and Letts do it,
Let’s do it, let’s fall in love.

The Dutch in old Amsterdam do it,
Not to mention the Finns,
Folks in Siam do it,
Think of Siamese twins.

Some Argentines without means do it,
People say in Boston even beans do it,
Let’s do it, let’s fall in love.

Romantic sponges they say do it,
Oysters down in Oyster Bay do it,
Let’s do it, let’s fall in love.

Cold Cape Cod clams against their wish do it,
Even lazy jellyfish do it,
Let’s do it, let’s fall in love.

Electric eels, I might add, do it,
Though it shocks ‘em I know,
Why ask if shads do it,
Waiter bring me shad roe.

In Shallow shoals, English soles do it
Goldfish, in the privacy of bowls, do it
Let's do it, let's fall in love

The dragonflies in the reeds do it,
Sentimental centipedes do it,
Let’s do it, let’s fall in love.

Mosquitoes, heaven forbid, do it,
So does every katydid do it,
Let’s do it, let’s fall in love.

The most refined ladybugs do it,
When a gentleman calls,
Moths in your rugs do it,
What’s the use of moth balls?

Locusts in trees do it,
Bees do it,
Even overeducated flees do it,
Let’s do it, let’s fall in love.

Let’s do it, let’s fall in love,
Let’s do it, let’s fall in love

quarta-feira, junho 17, 2009

filha da puc e de um bric


Tinha certeza que ia gostar do filme, caí de amores já no triller. O roteiro é singelo, a história também, e as grandes vedetes, no fim das contas, são a juventude e a Puc. É muito bom ter um campus para se abrigar e singrar aqueles primeiros anos de juventude. Não é vida mole, mas é vida boa. Muita esperança, uns conflitos da idade, uns amores, uns amassos, muito chão pela frente junto com a percepção que é o começo do começo do começo. De uma certa forma me identifiquei com a personagem interpretada por Érika Mader - que no filme, curiosamente, não tem nome. É, apenas, uma menina de uns vinte anos, magrinha, de pernas compridas e finas, terminando o namoro sem nenhuma ruptura traumática. E hoje, curiosamente, os Bric bombando de novo no noticiário. Escrevi sobre a felicidade de ver o Brasil num grupo com importância no mundo há tempo atrás (o post deve estar aí embaixo) e não admira. Do mesmo modo como lá nos verdes anos me vislumbrei um porvir algo augurioso, sempre acreditei firmemente que ainda veria o meu país melhor de vida, melhor situado. Pois é, filha da Puc e de um Bric... Nada mau.

segunda-feira, junho 15, 2009

a yoga e o silêncio

É horrível engrossar as fileiras da banalidade - e hoje é trivial ouvir alguém dizer que pratica yoga - mas confesso que isto mudou muita coisa em mim. Sinto uma falta imensa quando não posso ir a aula mesmo que a perca pela melhor causa do mundo, e não sinto falta apenas do exercício, do derrame de endorfinas, ou de estar com meu professor, ou ainda do reconforto da ducha que me faz seguir mais relaxada para o restante da jornada. Sinto falta, sobretudo, dos silêncios que sinto - e são tantos que preciso do plural. Porque é um silêncio profundo que me faz, um silêncio acolhedor, de uma mente que se esvazia, de ouvir nítido o pulsar do coração e da respiração. Tudo vibra em mim naquele silêncio do qual parece que sou feita. Não é um silêncio da ausência de sons, é um silêncio que vem de dentro. E é bem envolta neste silêncio que me escuto melhor.

domingo, junho 14, 2009

gostar, gostar e gostar?

Conversando outro dia com minha amiga Marcia B chegamos juntas à conclusão de que ambas sofremos do "mal do desamparo". Por alguma força misteriosa da natureza, talvez alguma conjunção astral havida em 1962, fazemos parte de uma pentelhonésima parte da humanidade que parece nunca precisar do outro. Somos, aos olhos de todos, umas fortalezas incorruptíveis, umas criaturas estóicas que passarão pelas vidas sem jamais necessitarem de quem quer que seja ou de algum cuidado em particular. E também por algumas dessas razões insondáveis, e no sentido diametralmente oposto, o resto dos homens e das mulheres, dos amigos, dos familiares, dos colegas de trabalho, dos cônjuges, dos namorados e etc (alguns desses homens e mulheres nem de tanta boa vontade assim) sempre precisarão de nós, e bem amiúde. Aliás, seremos por eles escolhidas como amigas ou namoradas ou cônjuges bem por esta percepção. Quando esse momento chegar, certamente será de nós que se lembrarão. Uma lacuna que se abre em suas vidas, um desacontecimento, alguma coisa ingrata os levarão a discar o número do celular que nos alcança. E, sim, nós estaremos lá. Certamente estaremos. Seremos atentas em tudo e por tudo às misérias alheias. Ouviremos suas aflições, teremos bons conselhos, a compaixão em nossos corações falará mais alto e jamais negaremos abrigo a quem quer que seja. O problema é que, às vezes, também precisamos nós de algum consolo, de algum colinho, ainda que colinho light, ou, apenas, de alguma interlocução ou de uma mera... atenção. Tudo isso lhes passará batido. Não por falta de comunicação ou de evidência, simplesmente não será percebido de nenhuma maneira. Sabe aquele telefonema simples, apenas para saber se vai tudo bem com o outro? Sabe aquele contato que não é para dizer nada em particular, mas para ouvir como vai a vida do outro? Não rola. Se alguém liga (a menos que para um convite ou outra frugalidade) é porque está precisando de algo. Diante de nossa constatação desalentadora, resolvi reformular meu velho conceito de amigo - "aquele de quem a gente não tem que se proteger", de resto muito mais um ideal do que um conceito - para "aquele que quer nos ouvir e saber de nós quando a sua própria vida estiver bem". Aquele que quer compartilhar não a alegria do encontro social ou qualquer outro contentamento pessoal, mas, tão-só, o simples saber da vida da gente. Não me acho sofisticada, tampouco complexa é a Marcia B, mas somos predestinadas a servir, a servir, a servir. A pergunta é: quem nos servirá, além de uma a outra? E não deveria ser a vida apenas e simplesmente gostar e gostar e gostar?

sexta-feira, junho 12, 2009

ah, a paixão!


Da história ouvi três versões, o que significa que essa talvez seja a quarta. Tentarei, porém, ser fidedigna aos fatos e prometo que, para além de um tempero pessoal aqui e acolá, não fabularei. Foi assim: Mathilde já estava cansada da insistência de sua filha Ignez em levar seu quase noivo Tito para passar o carnaval na casa da cidade. "Não fica bem", dizia Mathilde, "e de mais a mais seu pai jamais permitirá". Ignez não se dava por vencida e ponderava que seria um bom momento para se certificar que realmente queria ficar noiva de Tito, o homem com quem estava pensando em compartilhar a vida e em relação a quem se sentia algo morna. E voltava à carga: "Fale com o papai, mamãe, não há nada que ele te negue. Por favor, por favor!". De fato, Lindolpho atendia sua mulher em quase tudo. A qualidade de ser mãe de seus doze filhos, mulher dedicada e companheira fiel conferia a Mathilde superpoderes com seu marido, um homem com quem ninguém folgava. Junto ao velho, osso duríssimo de roer, Mathilde tinha lá suas estratégias, e a mais eficiente delas sempre fora chamá-lo ao quarto logo após o jantar. De lá saíam ambos apenas no dia seguinte invariavelmente com mais um pedido de Mathilde atendido. Enfim, Tito ganhou autorização para passar o carnaval na casa da cidade, sob a promessa de Mathilde de que manteria os olhos bem abertos sobre os dois. Além desse convidado, outro a eles se juntaria, o engenheiro que o Departamento Nacional da Produção Mineral enviara a pedido do velho Lindolpho para analisar a água de sua fazenda, a qual pensou ser termal. Não era termal coisa nenhuma, mas passar o carnaval em Poços de Caldas não pareceu ao engenheiro um mau negócio; a cidade, agradável, era bastante badalada na década de 30. Vai daqui, vai dali, foram todos juntos ao baile no Palace Hotel no sábado de carnaval, aquele bando enorme de gente, Ignez, seu noivo, seus oito irmãos, duas irmãs e mais um punhado de primos. 'Famiglia' total. E dançaram juntos. Não Ignez e Tito, mas Ignez e o engenheiro. No segundo dia também. E no terceiro. No meio do baile da segunda-feira de carnaval, vira-se o engenheiro para Ignez, após sentir um aperto especial em suas mãos, e dispara: "Moça, percebo que você gosta de mim e eu também gosto muito de você. Quer se casar comigo?", ao que Ignez de pronto aceitou. Como contar a Tito, a sua mãe e a seu pai pareceu-lhe um mero detalhe diante da paixão avassaladora da qual tinha sido tomada. Com Tito se entendeu logo após o carnaval e lá se foi ele com as cinzas da quarta-feira. Não consta que tenha sofrido de amor, mas um travo de amargura bem deve ter remoído. À sua mãe foi franca e direta porque suspeitava que já percebera algo no ar. Foi batata: "Eu sabia! Como conto ao seu pai isso agora, Ignez? Vocês percebem o escândalo que vão provocar?". Realmente, Poços de Caldas em 1935 não era bem um lugar liberal, e a tradição mineira sempre foi muito cultivada naquela família, uma das mais respeitadas da região. "E agora?", insistiu uma contrariada Mathilde. "Você saberá o momento certo de contar ao papai", disse Ignez, aconselhada pela lucidez pós-desvario. E assim se deu. Num momento em que o velho Lindolpho elogiava o engenheiro Mario, Mathilde, oportuna, disse que apreciava saber de tal admiração, porque sua filha e ele pretendiam se casar em breve. "Quem é este rapaz?" reagiu, furioso, o velho Lindolpho. Ignez (também dita Zizita) e Mario (o engenheiro carioca da gema) se viram apenas 27 dias antes do casamento, logo marcado para janeiro do ano seguinte. Um ano após o casamento nasceu o primeiro filho, e o segundo nasceu justo no mesmo dia quatro anos depois. Foram felicíssimos a vida toda, se admiraram loucamente nos 55 anos que tiveram de vida conjugal e em comum tinham muito amor por todos os seus, inclusive por esta que aqui narra uma linda e ousadíssima história de amor, que é a história de seus avós paternos. Feliz dias dos namorados!
foto capturada do google imagens
o vídeo abaixo é um duo de Gwyneth Paltrow com Huey Lewis extraído de um filme chamado justamente... "Duets". Apenas agora percebi que ela faz o papel de filha dele, o que vem bem calhar no dia dos namorados, já que se diz que o primeiro namorado da menina é sempre o seu pai. Incestuosa, eu? Não, freudiana...

terça-feira, junho 09, 2009

saudade

o beijo da despedida tem já um travo de saudade,
uma saudade sentida por antecipação

que também é um destilar do gosto teu,
do gozo nosso
e é tudo o que podemos ter um do outro.

saudade é o amor se fazendo lembrar

domingo, junho 07, 2009

na crise, à direita


Qual a razão? Nunca entendi. Mas as eleições para o Parlamento Europeu são prova que, na crise, a direita sempre arrebanha mais votos. Terá sido essa a razão de 64? Será que apenas a estabilidade econômica permitiu ao partido mais identificado com o socialismo chegar ao poder no Brasil? Não sei, essas questões da política sempre me escapam um pouco, embora me pareçam recorrentes. De uma coisa, porém, estou certa: se La Bruni gostasse mesmo de política não teria se identificado com Sarkozy. Mas prefiro pensar que o amor é cego e que dispensa essas bobagens mundanas. Aliás, basta ver seu (recorrente) sorriso. O amor é lindo...
foto capturada do site do jornal o globo hoje

quarta-feira, junho 03, 2009

ele, o tempo


Tudo passa por ele. O tempo que se perde na fila, que se ganha num sinal marotamente furado, que se quer retroceder com a medicina estética ou que se quer avançar para a semana correr logo e rápido chegar o descanso do fim de semana. O tempo perdido na esbórnia, o desperdiçado num farniente ainda que merecido, o trabalhado à exaustão, o caminhado nas andanças vadias, o tempo que um amor sem agenda insistentemente nega. Tudo isso é uma coisa louca chamada tempo, algo estranho, quase imensurável, mas que todo ano nos faz lembrar mais um aniversário. O tempo não-ocupado com os afetos sinceros e que depois talvez seja causa de eterno remorso ("tivesse eu dez anos a menos..."), porque certo na vida, certo mesmo, é não saber o dia de amanhã. Não sei se o tempo me assusta ou se, de alguma forma, me consola; afinal, não posso com ele. É como gostar de alguém e ter a certeza de que não adianta perquirir a razão. Se o tempo passa, o amor surpreende. Resigno-me. Por sabedoria ou impotência, simplesmente resigno-me.
a foto é minha, um instatâneo da pressa dos motoristas no Aterro do Flamengo, algo que nunca entendi. Porque não se deliciar com essa beleza toda e correr feito louco?