domingo, dezembro 31, 2006

um punhado de coragem e as bençãos de Deus



É do que preciso em 2007.
Coragem porque percebi neste ano que hoje finda ter muito mais coragem do que pensava - e gostei disso. Tomei decisões, livrei-me do que há muito me incomodava, ousei. Renovei, na prática, minha idéia de não fazer concessões ao que repudio, como deselegância e falta de ética, por exemplo.
As bençãos porque sem elas não vivo. Nunca são demasiadas; quanto mais, melhor.
2006 foi um bom ano.
Que 2007 seja melhor ainda.
Feliz ano novo para todo mundo!

sexta-feira, dezembro 29, 2006

lá em casa

aqueles pardais
a gralhar na janela,
a me acordar às cinco da manhã
e também as araras roucas
a ronronar como um gato
na outra janela, às duas da tarde
eu jurei ter visto um tucano
(tinha bico comprido de tucano)
pousado no fio de luz
defronte lá de casa
que fica no Jardim Botânico

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Cê!


para espantar este tempo grísio que se abateu sobre o Rio de Janeiro e sobre o País,
para ver um grande artista em cena, em ótima forma, com uma jovem e vibrante banda,
para ouvir seu novo recado para o mundo, sua dor, sua delícia,
enfim, para fechar o ano, abrir o verão e começar 2007 com o pé direito:

"Cê", de Caetano Veloso, no Circo Voador ontem!

segunda-feira, dezembro 18, 2006

duas ou três coisas que pensei para você

Querida, você se separou. Curioso, sempre achei que teria eu em minha biografia vários ex-maridos e vários filhos de vários ex-maridos. Suspeitava que esta seria minha vida. Suspeitava e temia, mas nada disso me aconteceu.
Aconteceu com você, mas nem tanto. Um par de ex-maridos não é demasiado, e já já acho que vou conhecer um marido seu, e um marido é sempre alguém potencialmente "ex". Infelizmente, não conheci nenhum deles. Nestes mais de vinte anos que não nos vimos aconteceram tantas coisas, dentre elas seus casamentos e o meu.
Você se diz meio aflita porque gosta da companhia masculina e não anda vendo muitas opções, o queixume das mulheres separadas que, dito por você, reconheço que ganha verossimilhança. Sim, nunca vi você estar em falta da companhia masculina, bem ao contrário.
É que o tempo caminhou, as exigências se avolumaram, não é qualquer currículo que pode ser apresentado a você com alguma chance. A vida às vezes se sofistica.
Então estive aqui matutando sobre este assunto, matutando, matutando... E me ocorreram alguns lugares, algumas situações em que você poderia encontrar candidatos a currículos. Como sempre, escrever organiza este caos que é a minha cabeça quando pensa vibrantemente.
Clubes de brigde, por exemplo. Duvido que alguma vez tenha ocorrido a você aprender este intrincado jogo de cartas que, a exemplo do golfe, não parece muito animador. Porém, como seus adeptos amam de paixão, deve ser muitíssimo interessante, e não se tem notícia de muitas jogadoras de brigde. Talvez uma lá que outra.
Aliás, o golf mesmo, com a vantagem de se caminhar naquela linda e verdejante relva, naturalmente debaixo de quilos de filtro solar. Suspeito que seja muito relaxante, sempre foi o esporte preferido de meu pai. Golfistas mulheres ainda são minoria.
Militância política. Nunca pensou, não é? Creia-me, é um universo eminentemente masculino. Há poucas mulheres neste ramo e são sempre muito bem-vindas. Outro dia estive num evento político-partidário e nunca havia visto tanto homem junto. Parecia a versão masculina do 'Shopping Vertical', lugar que me proporcionou a incrível visão de recorde de ajuntamento feminino por metro quadrado. Quanto ao partido, não sei, difícil escolher. A vantagem desta opção é ser baratinha: basta se inscrever e comparecer às reuniões, sobretudo às plenárias. Muitas, muitas chances.
Inscrever-se num curso de arbitragem de futebol. Acha apelativo? Não se você tiver verdadeiro interesse pelo esporte. Ontem ouvi uma prima minha argumentar com tanta desenvoltura sobre o desempenho de um jogador que fiquei pasma. Tem mulher que realmente gosta de futebol.
Coisas bizarras. "Real Gabinete Português de Leitura", piscinas de hotéis. Feiras de produtos orgânicos. Aeromodelismo. Trabalho voluntário. Observação de pássaros, coleção de relógios, clube de tiro. Viagens de navio. Namoros internacionais.
Começo a temer que este assunto vire uma obsessão minha. A última idéia por hoje, para não te cansar: reuniões de ex-colegas de escola, faculdade etc. Jovem também tem saudade e uma sessão flashback pode dar um caldo.
Honey, a gente se fala.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

esparrelas de fim de ano

- participar de todas as listas de Natal;
- freqüentar todos os bazares de Natal;
- gastar todo o 13º em inutilidades;
- não comprar sequer uma mísera inutilidade com o 13º;
- empanturrar-se com aquela comida mixórdia de Natal;
- tomar caipirinha na festa de fim de ano do trabalho e sorrir até os últimos molares;
- dançar na festa de fim de ano do trabalho após duas caipirinhas;
- fazer discurso de confraternização na festa de fim de ano do trabalho após três caipirinhas;
- comprar presente de última hora em shopping;
- saber que não vai haver festa de Natal após comprar todos os presentes;
- gratificar o lixeiro errado;
- fazer lista de resoluções;
- fazer lista de realizações;
- emocionar-se com jingle bells;
- esquecer o verdadeiro sentido do Natal.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

p.s.

quero verter o mundo pelos meus olhos
para que ele se liquefaça em lágrimas
às vezes é preciso lavar a alma
ao ensejo do nada e sem drama

quero que vc entenda, sou assim mesmo
choro um tanto, silencio um pouco
não sinta culpa por meu excesso de sensibilidade:
é aquilo que em mim tanto admiram
mas que em nada valoram

nos olhos dos outros, é refresco